Blog da Dra. Fernanda Rocha

O segundo cérebro do corpo humano: Como o intestino pode afetar a sua saúde mental?

intestino

Você sabe o que é necessário para manter um cérebro jovem e saudável? Para começar, manter um cérebro jovem e saudável requer dieta equilibrada, atividades físicas e sono adequado.

Mas, além desses fatores, o intestino também desempenha um papel crucial na saúde cerebral. De fato, o intestino pode influenciar o humor, comportamento e saúde mental, bem como aumentar a probabilidade de desenvolver a doença de Alzheimer. 

Para entender como essa incrível conexão entre os órgãos funciona e os motivos que fazem do intestino o segundo cérebro, continue lendo este texto.

O sistema nervoso do intestino: segundo cérebro em ação

O sistema nervoso entérico (SNE), que controla as atividades gastrointestinais e atua independentemente, é formado por neurônios no sistema digestivo.

Ele se comunica com o sistema nervoso central por meio do nervo vago. Além do mais, O intestino produz neurotransmissores e hormônios vitais para o corpo, que afetam a saciedade, o bem-estar e a felicidade.

A serotonina, por exemplo, é um neurotransmissor que o corpo produz a partir do triptofano, aminoácido associado à regulação do sono, do humor, da cognição e até mesmo da temperatura corporal. Além disso, é importante para o movimento involuntário do intestino que conduz o bolo alimentar no processo de digestão.

Comunicação entre intestino e cérebro

O intestino se comunica com o cérebro através do nervo vago – um nervo craniano que se estende a partir do tronco cerebral até o abdômen, através do coração, esôfago e pulmão – conhecido como o eixo intestino-cérebro. 

Bactérias intestinais produzem alertas que viajam pelo nervo vago, comunicando-se com o cérebro. Como resultado, o sangue libera compostos neuroativos e hormônios que vão para o cérebro.

O intestino, apesar de estar protegido no interior do corpo, é um órgão que está exposto a fatores externos e apresenta atividades “sensitivas” que ajudam a detectar adversidades e a preparar o cérebro e o organismo para responder a elas. 

Portanto, os neurônios do intestino ativam as células do sistema imunológico em situações de perigo, como a ingestão de bactérias nocivas em alimentos. Esses neurônios intestinais alertam o cérebro e ativam os macrófagos, células de defesa que potencializam a ação das respostas imunológicas.

Adicionalmente, é válido mencionar que o caminho inverso também acontece, e o cérebro pode ocasionar reações no processo gastrointestinal.  Por isso, sensações e pensamentos influenciam o sistema digestivo, ocasionando a produção de hormônios, de secreções e de respostas imunológicas. Quem nunca sentiu o famoso “frio na barriga” diante de momentos de nervosismo ou ansiedade? Ou a “água na boca” ao sentir o cheiro de uma comida apetitosa? Assim, essa interação reforça a importância do intestino.

Relação com a sua saúde mental

A microbiota intestinal, também conhecida como flora intestinal, é outra área importante de conexão entre o intestino e o cérebro. Ademais, o desequilíbrio entre as bactérias intestinais é conhecido como “disbiose”. 

Esse desequilíbrio tem sido associado a um número de distúrbios psiquiátricos e neurológicos, tais como o autismo, a ansiedade, a depressão e o estresse. 

Além disso, o desequilíbrio das bactérias pode potencialmente induzir estados pró-inflamatórios. Por conseguinte, quadros de ansiedade, estresse e depressão podem ser a causa ou consequência do desconforto estomacal ou intestinal. 

Além do mais, a manipulação das bactérias do intestino pode produzir comportamentos relacionados à ansiedade e à depressão. 

De acordo com pesquisas recentes, o intestino pode ser um importante fator na produção de comportamentos relacionados à ansiedade e à depressão.

 Especificamente, um estudo realizado em 2013 conduzido por pesquisadores do McMaster University em Ontario, Canadá, mostrou que a substituição de bactérias intestinais em camundongos ansiosos por bactérias de camundongos mais confiantes levou os animais ansiosos a tornarem-se mais sociáveis e, portanto, menos ansiosos. Ou seja, a manipulação das bactérias do intestino pode afetar diretamente o comportamento dos animais.

Além disso, os pesquisadores constataram que, ao alterar a população de bactérias no intestino, é possível produzir mudanças comportamentais. Para testar essa hipótese, eles seguiram o mesmo raciocínio utilizado anteriormente e conduziram o experimento. Por conseguinte, é importante destacar que essa alteração pode ser realizada por meio de mudanças na dieta ou do uso de antibióticos.

As implicações dessa conexão entre o intestino e o comportamento humano são enormes. Um importante fator na prevenção e tratamento de distúrbios neurológicos e neuropsiquiátricos, incluindo ansiedade e depressão, é a saúde intestinal. Concluímos que o intestino pode ser considerado um segundo cérebro e a manipulação das bactérias intestinais pode ser um caminho importante para controlar os sintomas dessas condições.

Os genes aprendem a manter seu intestino saudável

Os genes têm um papel crucial na saúde do intestino e, consequentemente, na saúde geral do corpo. Ademais, a parede intestinal é reparada e reconstruída pelo nosso corpo diante das informações colhidas pelos genes. Esse processo acontece de forma automática, a cada sete dias. 

Além disso, essas informações são repassadas através de uma alimentação adequada e oferecimento de nutrientes ideais para o intestino. 

Se a alimentação é rica e equilibrada, os genes entendem ser possível manter o intestino saudável. Com dieta ruim, estresse e má qualidade de vida, a barreira intestinal pode não receber nutrientes suficientes. Assim, apresentam como resposta uma parede intestinal mais fraca e permeável.

Por mais que o corpo possa se regenerar sozinho, se ele não receber boas fontes nutricionais, a reconstrução da barreira intestinal pode ser comprometida, levando a problemas de saúde. 

Portanto, é importante garantir a ingestão de nutrientes essenciais para manter o intestino saudável e o bom funcionamento do nosso organismo como um todo.

A importância da microbiota intestinal para a saúde emocional e cerebral

Em resumo, o intestino é um órgão vital que vai muito além de sua função de digestão. Ele desempenha um papel fundamental na regulação do sistema imunológico, na produção de hormônios e na transmissão de informações ao cérebro. 

Portanto, o equilíbrio da microbiota intestinal é crucial para o bem-estar emocional e a saúde do cérebro, e pode influenciar no surgimento de distúrbios neurológicos e neuropsiquiátricos. Além disso, Genes intestinais são afetados por dieta e estilo de vida, enfatizando a importância da alimentação saudável para a saúde geral. 

Cuide do seu intestino para cuidar da sua saúde como um todo. Com uma dieta equilibrada e rica em nutrientes, aliada a hábitos de vida saudáveis, você pode garantir o bom funcionamento do seu segundo cérebro e prevenir uma série de problemas de saúde. Lembre-se de que o intestino é um órgão vital e merece toda a sua atenção e cuidado.

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